sexta-feira, 27 de junho de 2008

Avivamento “GOSPEL”


Avivamento é um dos temas eclesiásticos que não sai de moda. Todo líder sonha em ter um na sua congregação. Todos querem viver um em sua vida com Deus. Desde os registros no livro de Atos dos Apóstolos, onde cristãos convictos entregavam-se à missão de ganhar almas e os sinais os seguiam, a igreja de um modo geral vem perseguindo um retorno às práticas da igreja primitiva.
Gospel é evangelho no idioma inglês e em alguns contextos pode significar verdade. Mas na “mídia” evangélica brasileira, o termo é usado para se referir aos “louvores” evangélicos. É mais uma copia entre tantas outras que fazemos dos E.U.A. Muitos pregadores, alguns que eu até admiro, em suas mensagens nos púlpitos ou na TV, afirmam que vivemos um avivamento. Discordo, pois afirmo que até vivemos um na área musical, por isso, escrevo estas linhas.
Ao lermos no livro de Atos (cf. At 8. 4) e pelos relatos de avivamentos da história da igreja, avivamento produz naqueles que fazem parte, uma imensa vontade de ganhar almas. Mas o que vemos hoje é uma evasão dos evangelismos. Denominações que não saem mais às ruas atrás das almas perdidas. Mas os “shows gospels” estão abarrotados de “idólatras” que não se agüentam em seus frenesis pelos seus “ídolos”, pensava eu que isso fosse coisa dos mundanos. Se marcamos um ar livre, prática deixada para traz (até parece filme, mas temo que quem não gosta é que fique para traz) aparece uma meia dúzia de gato pingado. Mas se nesse mesmo ar livre for anunciado que vai aparecer o cantor “fulano de tal”, aí é diferente, tem que fechar a rua porque vai ter “crente” por todo lado. Pena que quando o fulaninho acabar de cantar os “ganhadores de almas” vão embora.
Outra característica desse avivamento, que difere do verdadeiro (cf At 2. 42a), é a anemia com relação à Bíblia. Os membros das igrejas aprendem verdades bíblicas através das músicas e quem produz as músicas não lêem a Bíblia, e não se preocupam em consultar pelo menos seus pastores, se é que a maioria deles têm um. Por isso ouvimos em muitas músicas erros teológicos diversos, tais como arcanjo deixando sua função à frente dos exércitos angelicais para reger coral de anjos, eu acho que eles se cansaram de comandar e aproveitaram a moda, pois vender CD dá mais dinheiro que comandar exército.
Entre tantas características deste avivamento, ressalto a intenção financeira que me faz lembrar de “Pequenas Empresas Grande Negócios”. Não existe uma preocupação com vidas que muito difere do avivamento do livro de Atos (cf At 2. 42-47). CDs e DVDs são lançados numa velocidade cada vez maior (claro quanto mais rápido mais dinheiro), tardes de autógrafos com os “levitas” que só vão cantar nas igrejas se receberem uma “singela oferta” de uns mil reais, rádios “gospels” que só tocam músicas da sua própria gravadora com medo da concorrência e isso é pior do que nas rádios do mundo, passeatas ditas que são para Jesus, mas na verdade é para mostrar o poder político um verdadeiro controle da massa. Pastores trocando o púlpito pelas bancadas políticas (não sou contrário que o crente participe da política de seu país, mas o que vemos é uma pouca vergonha).
Concluindo podemos dizer que vivemos uma época de avivamento na música, pois a qualidade de som e outros aparatos ligados a produção musical, melhoraram muito. E a música tem um poder subliminar cognitivo, o qual é responsável pela procura de saciar as carências psicológicas nas igrejas. Mas de maneira geral o protestantismo brasileiro está devendo em muito ao da igreja do livro de Atos dos Apóstolos.



Pr. Luís Almeida
almeidacajado@hotmail.com

O QUE É A IGREJA PARA VOCÊ?

Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mateus 16:18)

Diante da afirmação espiritual de Pedro, Jesus, segundo os relatos dos Evangelhos, menciona pela primeira vez a palavra igreja. Eu não sei se você já parou para meditar sobre o que é a igreja para você, o que ela representa como instituição terrena. Se você nunca pensou, quero ajudá-lo a responder.
Se você vem para a igreja só porque tem saudades das pessoas, porque precisa se divertir nos finais de semanas principalmente nos domingos. Porque a igreja tem uma programação legal, especialmente em datas festivas, se você só aparece quando tem uma festinha com aquele “bolo gostoso”, e quando rola um passeio você não quer ficar de fora, especialmente nos retiros, então a igreja para você é um “Clube”.
Se você está na igreja só porque é o local que você conseguiu descobrir um talento ou até a vocação para cantar, e por isso só aparece em época de cantatas, se na igreja aprendeu a tocar algum instrumento e que provavelmente não conseguiria aprender em outro lugar por quê é muito caro, então a igreja para você é uma “Escola de Música”.
Se você está na igreja só porque você sempre teve o sonho de se destacar perante os outros, de falar bem, de estar em evidência em cima de uma tribuna. E na igreja descobriu que pregar ou dar aulas traz esta glória tão sonhada e hoje você pensa em ser até um pastor, então a igreja para você é uma espécie de “Hollywood”, com sua “calçada da fama”.
Se você vem à igreja só porque está desempregado, porque quer ser um empresário, quer ter um carro do ano, uma casa própria e quer se curado de alguma enfermidade. Eu ate entendo, pois a mídia está cheia de propagandas da Teologia da Prosperidade prometendo isto nas igrejas, o sistema econômico do nosso país está falido e o sistema de saúde nem se fala. Mas lamento lhe informar que a igreja para você é então uma espécie de “Baú da Felicidade” e Jesus anda por ai dizendo: “Quem quer dinheiro?”
Se você é do tipo que não falta o culto só porque tem medo que aconteça algo de ruim na sua vida, tem medo da sexta-feira 13, de gato preto, antes de sair de casa sempre consulta o dia do seu “signo”, não passa embaixo de escadas, quando acontece algo que necessita da sua exclamação você logo diz: ”Minha Nossa!”. A igreja para você é uma espécie de “Pé de Coelho” e ela deveria ser Católica Apostólica Romana.
E se você está na igreja, mas vive achando defeito em tudo, nada é do jeito que você gosta, para você ninguém faz nada certo. Vive pensando que se fosse você as coisas seriam bem diferentes, e por você deveria trocar tudo, então para você a igreja é um “Sindicato” onde além de não gostar de nada vive arrebanhando adeptos para o seu partido.
Agora, se você vem à igreja como a “noiva” que veste a melhor roupa, ávida por encontrar e agradar o “Noivo”, como um “filho” que quer encontrar os braços protetores do seu “Pai”, a oferta já vem no coração antes de pisar no Templo, e quando entra no mesmo, sente algo diferente que não sabe explicar, algo que não se experimenta em um teatro, cinema ou até mesmo naquele momento que se beija a pessoa amada. Então a igreja é para você a “Casa de Deus”.

Pr. Luís Almeida (Sl 133. 1)

A Morte de Deus

Friedrich Nietzsche (1844-1900), poeta e filosofo alemão era descendente de pastores luteranos. Nasceu na Prússia, estudou teologia e filologia em Bonn. No regime nazista, edições de suas obras eram utilizadas para dar apoio as suas idéias. As idéias de Nietzsche têm sido usadas nos séculos XX e XXI para dar apoio a propósitos políticos. Em suas obras o seu principal alvo era Deus. Em The Joyful Wisdom demonstrou seu ateísmo dizendo que “Deus morreu”. Nietzsche fez escola, vários teólogos contemporâneos foram influenciados pelo alemão. Thomas Altizer, William Hamilton e Paul Van Buren são alguns dos que lançaram seu conceitos existencialista baseado no filósofo da morte de Deus.
Seus escritos apresentam matéria interessante para estudo e debate. Quando estudamos teologia contemporânea, aprendemos que todo teólogo ou filósofo é influenciado pela cosmovisão da época na qual viveram. Apesar de sua visão ateísta, Nietzsche também sofreu influência da cosmovisão alemã. Principalmente do testemunho dos evangélicos. O que não lemos nas literaturas tradicionais. Nietzsche ao observar a prática cristã da Europa e principalmente da Alemanha, concluiu que Deus havia morrido. Os crentes que pregavam os feitos maravilhosos de Deus não viviam de acordo com suas mensagens, pelo contrário suas atitudes demonstravam um Deus morto.
Sabemos que Nietzsche morreu, mas se ele vivesse hoje penso que olhando para muitos “cristãos”, ele não mudaria sua visão acerca de Deus. Não precisaria nem entrar em um templo, era só ligar a televisão em uma emissora que um dos donos é uma denominação evangélica e ver que não tem nenhum programa evangélico de outra denominação a não ser da própria denominação. Enquanto isso as outras denominações têm que pagar preços exorbitantes para ter um programa de alguns minutos em emissoras que seus donos nada têm com Deus. E quando esta denominação sócia de emissora resolve fazer um programa em outra emissora, exige que não tenha nenhum programa evangélico de outra denominação logo a seguir, ou antes, de iniciar o seu. Ou se ainda, assistindo a TV, assistisse pregadores ensinado o povo a dar ordens a Deus, transformando o Todo Soberano em um servo que atende todas as vontades egoístas de seu dono. Isto mudaria a concepção de Nietzsche acerca de Deus?
Se Nietzsche fosse vizinho de muitos que se dizem crentes e que fazem “gatos” na rede elétrica, são conhecidos pela vizinhança como fofoqueiros, ou como família que quebra o barraco com palavrões na hora da discussão, penso eu que ele continuaria enterrando Deus. Ou se ele resolvesse ir a um templo e presenciasse rebeliões contra pastores, políticas para se ocupar cargos eclesiásticos, fofocas, falatórios durante o momento da pregação, irreverência em todos os sentidos, não creio que Nietzsche mudaria seus escritos.
Ao conhecer um pouco da história deste filósofo, e saber que atitudes de muitos crentes não mostraram um Deus vivo, só aumenta a nossa responsabilidade diante de outros “Nietzsches” que possam a vir a existir. Lembre-se que para muitos nós seremos a única Bíblia que eles lerão. Pense sempre antes de fazer algo se não vai comprometer o testemunho evangélico, e matar Deus para alguém que não O conhece, pois qualquer ação de um crente pode ser tomada como de todos evangélicos. Pense ainda no que Jesus disse em Lc 17. 1: “É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!”

Pr. Luís Almeida (II Co 5. 17)